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terça-feira, 27 de janeiro de 2009

PARA OS JOGADORES DO BENFICA

O texto que vou transcrever deveria ser entregue a todos os jogadores do Benfica para ficarem com a noção do que significa vestir o Manto Sagrado.
O texto foi retirado do blog Bola7 Inc.
"A 22 de Fevereiro de 1962, o Benfica goleou o Nuremberga por 6-0.
Sem força mental para estar na baliza. Parecia um vírus: os guarda-redes do Benfica queixavam-se em simultâneo de «abatimento psicológico». Dois erros de Costa Pereira no gelo de Nuremberga tinham ajudado a uma derrota estranha do campeão europeu. O 1-3 complicava a defesa do título. Com os maus momentos do jogo com o Sporting, dias antes, ainda a atravessar-lhe o pensamento, o número 1 pediu para sair da equipa por algum tempo. Sem problemas físicos, queria apenas tempo para recompor-se. No entanto, a exibição insegura de Barroca, momentaneamente promovido a titular contra o Sporting da Covilhã, precipitou o seu regresso ao onze para o jogo da segunda mão. Sem direito ao erro.
Era diferente, o futebol desses tempos. Não havia impossíveis. Heróis, sim: a Luz estava recheada deles. Por isso, muito pouco ficava decidido apenas num jogo. «Dois golos nessa altura era uma diferença acessível, como um hoje», confirma Simões. O Benfica tinha do seu lado a tradição de invencibilidade no seu estádio. E, acima de tudo, uma linha avançada sem rival.
Os 50 mil espectadores chegaram cedo à Luz. Foi a sua sorte: se alguém se tivesse atrasado uns míseros cinco minutos já não teria visto os dois golos que igualavam a eliminatória. Na direita, José Augusto, endiabrado, parecia determinado a repetir a exibição sublime de um ano antes, com os húngaros do Ujpest. Aos 2 minutos fabricou o primeiro, com um cruzamento teleguiado para a cabeça de Águas. Aos 4, voltou a encontrar a cabeça do «capitão», que serviu Eusébio numa bandeja de prata. Os alemães limitavam-se a ver jogar e deixavam-se surpreender mesmo nas bolas altas. Um canto do jovem Simões, que na Alemanha dera uma tremenda demonstração de personalidade, agarrando o lugar de extremo-esquerdo, encontrou novamente a cabeça de Águas. Coluna aproveitou o atraso e pôs o Benfica em vantagem no conjunto dos dois jogos.
Tinham passado apenas 20 minutos e o campeão da Alemanha, já de joelhos, limitava-se a esperar o fim do vendaval. Alguém se cansa da perfeição? Não os adeptos do Benfica, certamente. Depois do intervalo, continuaram a assistir a um massacre sem tempos mortos. Como num carrossel, os avançados das camisolas vermelhas iam alternando os momentos de génio. À velocidade devastadora de José Augusto e Simões juntavam-se a eficácia de Águas, a explosão de Eusébio e a liderança incontestada de Mário Coluna.O 4-0 chegou aos 54 minutos, com assinatura de Eusébio, a passe de Simões. Depois, José Augusto, o homem que abrira caminho à goleada concluiu a obra-prima com dois golos nascidos de jogadas individuais. Cá atrás, nas costas de uma defesa serena, liderada por Germano, Costa Pereira, espectador privilegiado do festim, aproveitava para recuperar o sorriso e a confiança.
O Estádio da Luz já tinha sido palco de noites europeias empolgantes. Mas nunca tão empolgantes como aquela. Com 40 golos em 15 jogos internacionais, o Benfica reclamava, com justiça, o título de melhor ataque do continente. Mais importante do que isso, reclamava e obtinha o respeito da Europa. Depois do primeiro título europeu, conquistado com alguma fortuna à mistura e perante um leque de adversários nem sempre de primeira linha, a goleada ao campeão da Alemanha aí estava, a acabar com as reticências. O campeão tinha puxado dos galões. Aquele inigualável festival de ataque tornava legítimo o sonho de uma final frente ao colosso espanhol. «Que venha o Real Madrid!», atirava-se, sem medo, nos jornais. Costa Pereira, esse, podia voltar a dormir tranquilo: era novamente o indiscutível número 1 da melhor equipa europeia.
Foi assim que se implementou a cultura de vitória que guiou este clube ao nivel místico. Qualquer relação com actualidade é pura coincidencia.
Bola7 Falou…"

E-goi